Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - A Organização das Nações Unidas (ONU) fez um apelo nesta terça-feira por um cessar-fogo urgente na dividida cidade síria de Aleppo, onde afirmou que dois milhões de pessoas carecem de água corrente limpa, o que represente um risco de doenças sobretudo para as crianças.
A trégua é necessária para a entrega de alimentos e suprimentos médicos e para que técnicos consertem redes elétricas que levam água às estações de bombeamento, seriamente danificadas durante ataques contra a infraestrutura civil na semana passada.
"A ONU está extremamente temerosa de que as consequências sejam terríveis para milhões de civis se as redes elétrica e de abastecimento de água não forem reparadas imediatamente", disse a entidade em um comunicado.
O informe foi assinado por Yacoub El Hillo, coordenador-residente e humanitário da ONU para a Síria, e por Kevin Kennedy, coordenador regional e humanitário da ONU para a crise síria.
Estima-se que entre 250 e 275 mil pessoas estejam retidas no leste de Aleppo desde o fechamento da estrada de Castello no mês passado, a última rota de acesso remanescente para a parte da cidade controlada pela oposição, disse o comunicado.
Insurgentes conseguiram romper um cerco governamental de um mês de duração ao leste de Aleppo no sábado. Seu avanço cortou o principal corredor de suprimento do governo rumo à cidade a partir do sul, e criou a perspectiva de que o oeste de Aleppo, que está nas mãos do governo, possa por sua vez ser sitiado pelos insurgentes.
Isso elevou o número total de civis na cidade "sob temor concreto de sítio para dois milhões", segundo a ONU.
O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, e o coordenador de Alívio de Emergência da organização, Stephen O'Brien, devem informar o Conselho de Segurança da ONU sobre a deterioração da situação em Aleppo ainda nesta terça-feira.
As crianças pequenas estão especialmente vulneráveis à diarreia e outras doenças transmitidas pela água devido a uma onda de calor e ao consumo de água poluída, informou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
"Nas partes do leste de Aleppo, até 300 mil pessoas --mais de um terço delas são crianças-- estão dependendo de água de poços que podem estar contaminados por matéria fecal e que não é própria para consumo", disse o porta-voz do Unicef, Christophe Boulierac, em um briefing à imprensa.
O Unicef e outras agências de assistência estão levando água potável de emergência por caminhão a estimadas 325 mil pessoas no oeste de Aleppo todos os dias, acrescentou.